70 anos da TV no Brasil
A primeira transmissão de TV no Brasil ocorreu em uma segunda-feira, 18 de setembro de 1950. Os equipamentos foram trazidos dos Estados Unidos pelo jornalista e empresário Assis Chateaubriand (1892-1968), que fundou o primeiro canal de televisão brasileiro, a TV Tupi São Paulo.
Muitos fatos curiosos aconteceram nessa exibição. Apesar de ter sido ensaiada, a cerimônia foi feita de improviso. Três câmeras seriam responsáveis pela transmissão, mas uma delas pifou após a bênção de um padre e um técnico norte-americano, que estava no estúdio para emergências, deu a sugestão de adiar a inauguração. Chateaubriand não aceitou. Além disso, tinha mais gente trabalhando atrás das câmeras do que assistindo à TV, já que não havia televisores à venda no Brasil. Para que o público pudesse acompanhar as imagens da estreia, Assis Chateaubriand instalou cerca de 200 aparelhos pela cidade de São Paulo. A atriz Lolita Rodrigues cantou o Hino da Televisão Brasileira durante a cerimônia. Inicialmente, Hebe Camargo seria a intérprete, mas ela faltou alegando uma gripe; anos mais tarde, a apresentadora confessou a ausência porque teve um encontro amoroso.
TV na Taba foi o primeiro programa a ser exibido, o título fazia referência aos habitantes nativos do país. Inezita Barroso, Lima Duarte, Romeu Feres e Wilma Bentivegna foram alguns nomes que participaram da atração. A TV Tupi foi também a responsável pela transmissão da primeira telenovela brasileira, Sua vida me pertence, uma adaptação das prestigiadas radionovelas. Na época não existia o videotape e a novela era feita ao vivo e exibida às terças e quintas. O primeiro programa dedicado ao jornalismo na televisão foi o Repórter Esso, que também já existia no rádio e foi trazido para a TV. O Repórter Esso marcou a história por ser o primeiro programa jornalístico que não lia somente as notícias dos jornais impressos, mas também divulgava as matérias que chegavam de uma agência americana. O jornal foi exibido na TV de 1952 a 1970.
Um grande marco da TV brasileira são os Festivais da Música Popular Brasileira, que eletrizaram a juventude urbana e revelaram grandes cantores e intérpretes, como: Gilberto Gil, Elis Regina, Nara Leão, Chico Buarque, Caetano Veloso e Roberto Carlos. Várias tendências musicais se popularizaram, como a MPB e a Jovem Guarda. A primeira edição foi realizada em abril de 1965 e exibida pela TV Excelsior, mas a terceira edição do festival, exibida pela TV Record, foi a mais marcante por ter lançado o Tropicalismo.
Em 1970, os brasileiros puderam acompanhar pela primeira vez a transmissão em cores de uma Copa do Mundo de Futebol, as pessoas se amontoavam encantadas com as imagens. Mas só no final dos anos 70 os aparelhos de televisão chegaram a uma parte considerável das casas no Brasil. Ainda nesta década, o mundo pôde assistir ao fim da Guerra do Vietnã, o fim dos Beatles e os desenhos animados.
A televisão também começou a ter um papel importante no processo eleitoral. O primeiro candidato a utilizar esse recurso foi Jânio Quadros. Durante o Regime Militar, o surgimento do horário eleitoral gratuito não permitia o debate de ideias e planos, engessados pela Lei Falcão, apenas a veiculação de números, nomes e currículos dos candidatos. Com a redemocratização e a eleição de 1989, a TV dá um novo significado para as campanhas.
Em 1998, chegou ao Brasil a TV digital em HDTV. No dia 6 de junho desse ano, a Rede Record fez uma transmissão em circuito fechado para um púbico selecionado em uma festa de gala em São Paulo, mas os telespectadores conferiram um vídeo gravado e editado no novo padrão de alta resolução. No dia seguinte, a Rede Globo protagonizou a primeira transmissão em HDTV ao vivo e fez também a primeira transmissão intercontinental. Na data, o programa Fantástico foi apresentado diretamente de Paris, cidade em que aconteceria a Copa do Mundo de 1998.
Outro ponto que merece ser observado nesses 70 anos da TV no Brasil é a consolidação do jornalismo policial, em razão do linguajar popular e por vezes caricato dos âncoras. O radicalismo político nacional fragmentou muito a audiência dos jornais televisivos tradicionais.
Nos dias atuais, por causa da pandemia, a televisão tem mostrado cada vez mais a sua capacidade de flexibilização e adaptação da grade para atender à demanda do seu público. Os programas de entretenimento, por exemplo, não sofreram tanto, apesar de não serem transmitidos ao vivo e contar com plateia virtual. Nesse período, as lives se tornaram as campeãs de audiência.
Alguns dos maiores e mais importantes nomes da TV brasileira são: Silvio Santos, Chico Anysio, Ronald Golias, Grande Otelo, Costinha, Bussunda, Dercy Gonçalves, Renato Aragão, Jô Soares, Gugu Liberato, Fausto Silva, Luciano Huck, Serginho Groisman, Chacrinha, Raul Gil, Ana Maria Braga, Xuxa e Hebe Camargo. Muitos deles e delas vieram do rádio, do teatro e do cinema e se consolidaram na televisão. As novas gerações de artistas, humoristas e apresentadores já estão se descolando das antigas origens e alavancando seus nomes e carreiras graças à telinha.
Hoje, o maior desafio da televisão é concorrer com as séries e filmes da TV paga e streaming e com as mídias digitais, por isso, ela vem se reinventando para continuar ativa.
Fontes da pesquisa:
Livro – Chatô, o Rei do Brasil
Historiateca Brasil
Portal Nova Escola
Revista Veja
EBC – Agência Brasil
Portal Tecmundo
Jornal Folha de S.Paulo
Jornal O Estado de S. Paulo
Jornal Meio e Mensagem
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